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Uma nova forma de colecionar arte: o fenômeno Beeple e os NFTs

Por mais estranho que possa parecer, este não é um fenômeno que se possa identificar no campo da arte. Surpreendentemente, a base do evento de Beeple não se localiza no sistema de arte, está localizado em outro lugar, situa-se num movimento promovido pelas tecnologias digitais, tanto no âmbito cultural quanto financeiro. Digamos que o mundo da arte acaba de acordar para esse fenômeno com o prodígio alcançado por Beeple


Sandra Rey – ABCA/Rio Grande do Sul


O mundo muda rapidamente enquanto estamos confinados devido à pandemia da Covid-19: um novo fenômeno atingiu o mundo da arte desde que Beeple, artista americano, tornou-se o verdadeiro boom no mercado de arte contemporânea.

Beeple, nome artístico de Mark Winkelmann, alcançou um feito incrível: em dois meses conquistou o status de terceiro artista mais caro, ficando atrás somente de grandes estrelas – David Hockney e Jeff Koons – após ter vendido, na casa de leilões Christie’s, um conjunto de 5.000 desenhos por um preço acima de 69 milhões de dólares. A soma representa o terceiro maior valor já pago por uma obra de arte de um artista vivo (Lesage-Münch, 2021).


Beeple – Everydays: The First 5000 Days. Fonte: Kastrenakes (2021).


Aqui estão alguns detalhes que explicam o feito, e porque o trabalho de Beeple se tornou tão valioso: há vários anos, ele desenvolve um projeto artístico que consiste em produzir um desenho digital a cada dia, e postá-lo no Instagram. Visto desta forma, nada extravagante, exceto que o projeto está agora no seu décimo terceiro ano, o que significa que existem mais de 5.000 peças na série. Seu NFT Everydays: The First 5000 Days é uma montagem dos desenhos que ele produziu durante os primeiros 5.000 dias de seu projeto, para vendê-los em uma única peça.


Os desenhos de Beeple revelam um universo visionário e híbrido, inspirado na Disney e na Nintendo, com tons futuristas, cenários de filmes de ficção e de desenhos animados como Shrek, bem como super-heróis e personagens estranhos, muitas vezes grotescos, pontilhados por um humor ácido.


Beeple: Puppy eating Reward. Fonte: Instagram (@beeple_crap).


Antes da montagem, cada um dos desenhos individuais, divulgados no Instagram, seria mais propriamente catalogado em uma categoria próxima ao design ou da ilustração digital. Após os cinco mil desenhos justapostos numa montagem, e o leilão ter sido bem-sucedido, estamos lidando com uma obra-prima, e as reações foram bastante diversas. Um crítico do Times o acusa de “erradicação violenta dos valores humanos” e de “diversões infantis”; para defendê-lo, um especialista da Christie’s, que colocou sua reputação em jogo, compara-o aos ready-mades, de Duchamp.


A comparação com os ready-mades pode ser uma boa maneira de justificar o tour de force do mercado, junto ao sistema da arte. Mas para quem está familiarizado com a obra de Duchamp, a comparação parece apressada, e difícil de entender.


Se examinarmos os procedimentos, não encontramos características que possam sustentar qualquer proximidade entre a montagem de Beeple com os ready-mades.


Quando Duchamp criou os ready-mades, o fez na condição de artista reconhecido, que participava e conhecia profundamente o sistema da arte, contribuindo com os principais debates e movimentos da arte de sua época. Beeple, por outro lado, é um recém-chegado no mundo da arte, que sem dúvida realizou um feito notável ao chegar ao topo do mundo da arte em apenas dois meses, participando de um evento liderado pelo mercado da arte — e pelo novo contexto financeiro — promovido pelas criptomoedas.


Se olharmos pelo lado processual e da estética, não há comparação possível. A neutralidade estética na escolha das peças que compõem cada um dos ready-mades, bem como a ausência de manufatura por parte do artista, são as principais regras, concebidas pelo artista francês, que orientam a criação do ready-made. Ao colocar qualquer um dos ready-mades lado a lado com Everydays: The First 5000 Days, é preciso levar em consideração que, para existir, os primeiros envolvem a apropriação de um objeto industrial, enquanto cada uma das peças que compõem a montagem de Beeple é um desenho virtuoso, elaborado pela mão do artista. Sua estética, presumidamente kitsch, contrapõe-se à indiferença estética na escolha das peças que compõem os ready-mades.


Além disso, é preciso lembrar que os ready-mades são peças que Duchamp, enquanto bom enxadrista, movimentava para provocar e desafiar o establishment da arte, em sua época. Tudo indica que desafiar o establishment da arte não foi o propósito de Beeple, ao propor sua montagem no leilão da Christie’s, mesmo que o feito conseguido com o preço alcançado pela obra, no leilão, tenha causado turbulências. Antes de migrar para NFT, em outubro passado, Beeple era conhecido como designer; suas postagens diárias conquistaram uma grande base de seguidores, cerca de 2,1 milhões de assinantes (@beeple_crap). Porém, se nas redes sociais ele conquistou uma grande legião de fãs e tornou-se um fenômeno, no sistema da arte, até o famoso lailão, era desconhecido. Prova disso foi a divulgação da notícia, em um site, que o maior valor alcançado por um de seus desenhos, antes do leilão, foi 100 dólares.


Para melhor avaliar o mérito (ou não) da façanha de Beeple, talvez precisemos operar um desvio e analisar como agimos no dia a dia, e a maneira como nos desvirtuamos de nossos melhores objetivos, vítimas que somos da urgência de fazer isso, fazer aquilo, na maioria das vezes ações de importância relativa, mas que tomam nosso tempo e desviam nossos reais interesses. Diante dessa constatação, que cada um pode fazer numa breve análise, podemos perguntar: pode haver, no projeto de fazer um desenho a cada dia, algo que diga respeito ao ato de resistir às disjunções que operamos em nossas vidas, todos os dias, entre o que realmente fazemos, e o que queremos verdadeiramente fazer?


O projeto, à primeira vista sem maiores consequências, de fazer um desenho a cada dia, e publicá-lo todos os dias no Instagram diz, sobretudo, do desejo de divulgação e reconhecimento portanto, uma estratégia de comunicação de Winkelmann. E reconhecemos que teve sucesso porque é preciso se comunicar bem para ter mais de 2 milhões de seguidores em sua página, eu inclusive, assim que tomei conhecimento de seu projeto.


Mas antes de desenvolver o argumento, para responder à pergunta, convido a me seguir por outro desvio: Deleuze, em uma palestra sobre cinema, afirma que “arte nada tem a ver com comunicação”. Por outro lado, diz ele, “existe uma afinidade fundamental entre a obra de arte e o ato de resistência” (Deleuze, 1987).


Isso posto, observemos que a partir do momento que os 5.000 mil desenhos foram reunidos em um único arquivo, formando, por justaposição, uma grade irregular, um novo conceito, até então desapercebido, evidencia-se no projeto de Beeple: o tempo.


Ainda seguindo as pistas deixadas por Deleuze, que afirma no mesmo artigo: “o que está entranhado, na atividade criadora, é a constituição de espaços-tempos” (o grifo é meu).


“No Instagram, os desenhos causam impacto, mas a distração que as mídias sociais provocam acabam por encobrir um detalhe importante: a obstinação em manter um projeto em andamento, dia após dia, por mais de treze anos.”

Podemos perceber que, no Instagram, destaca-se a o imaginário alucinante e habilidade técnica dos desenhos; a sedução que exercem, e o número de comentários triviais postados, evidenciam a capacidade de Beeple comunicar-se com o público. No Instagram, os desenhos causam impacto, mas a distração que as mídias sociais provocam acabam por encobrir um detalhe importante: a obstinação em manter um projeto em andamento, dia após dia, por mais de treze anos.


É apenas à vista dos cinco mil pequenos retângulos que formam a grade irregular modelada por Beeple, que então, quando voltamos a observar cada desenho publicado no Instagram, apreendemos a dimensão do projeto do artista e sua aposta torna-se mais clara. Na verdade, o que é notável em Everydays: The First 5000 Days não é tanto o virtuosismo de cada desenho, mesmo que sejamos sensíveis a eles; nem a imaginação superabundante do artista, mesmo que isso importe; o que realmente chama a atenção é o compromisso, — a resistência do artista — em manter o projeto no dia a dia. A arte está, podemos dizer, no que resiste.


A notável dimensão artística do projeto Everydays: The First 5000 Days situa-se, pois, na resistência às contingências e distrações da vida, ao criar um espaço mental e temporal para fazer a sua arte, a cada dia. O grande feito do artista, neste caso, é a sacada em justapor 5000 fragmentos de espaços-tempos, implícito no projeto, que fica evidenciado na grade formada pelos 5.000 desenhos. Essa grade que justapõe os 5.000 desenhos, lado a lado, torna evidente o investimento pessoal e o comprometimento do artista com sua arte.


E parece que foi isso que motivou o comprador de Everydays: The First 5000 Days. Ele foi revelado alguns dias após o leilão da Christie’s; é o cofundador da empresa de investimento em criptografia Metapurse, um dos maiores fundos NFT do mundo.


Falando sobre a aquisição, ele comentou:

Quando você pensa em NFT de alto valor, este será muito difícil de vencer. E aqui está o porquê – são 13 anos de trabalho diário. As técnicas podem ser repetidas e as habilidades superáveis, mas a única coisa que você não pode hackear digitalmente é o tempo. É a joia da coroa, a obra de arte mais preciosa desta geração. Vale US$ 1 bilhão (Westall, 2021, online).

Voltemos a Deleuze e sua observação sobre “a afinidade fundamental entre a obra de arte e o ato de resistência”: o fascínio lúdico e provocador dos desenhos de Beeple pode ocultar o esforço despendido, mas a montagem (porque é de fato uma montagem, não um ready-made) Everydays: The First 5000 Days torna visível a potência do processo criativo do artista como ato de resistência.


Fico pensando que talvez a abordagem de Beeple pudesse ser aproximada a uma outra trajetória artística, significativa no contexto da arte contemporânea. Lembremos que, em 1965, Roman Opalka, artista franco-polonês, teve uma ideia que guiaria sua criação até o fim de seus dias. Em telas medindo 196×135 cm, ele incansavelmente inscreve uma progressão numérica. A primeira pintura, 1965/1 – ∞, consiste em um monocromo preto, sobre o qual é pintada, em branco, em ordem crescente, a série de números inteiros, de 1 a 35.327.


A partir dessa data, Opalka dedicou-se a esse único projeto pelo qual tornou-se célebre, e que se desdobrou em duas séries convergentes. Por um lado, uma série de pinturas chamada de Detalhes, em que escreve as progressões numéricas. Por outro, uma série de autorretratos fotográficos, em preto e branco, que o artista fazia no final das sessões de trabalho, no estúdio. Cada Detalhe é acompanhado por uma gravação em fita de sua voz falando os números à medida que os inscreve na tela.


Por ocasião de sua morte, em 6 de agosto de 2011, seu projeto 1965/1 – ∞ contava 231 Detalhes e finalizou no número 5.607.249, além de milhares de autorretratos. Opalka persistiu em seu projeto durante 46 anos. Eis um artista que poderia ter inspirado Beeple.


Quando tomamos conhecimento das condições que concorrem para a ascensão de Beeple, inevitavelmente nos perguntamos — o que está na base desse fenômeno?


Por mais surpreendente que possa parecer, este não é um fenômeno que se possa identificar no campo da arte. A base do evento de Beeple não se localiza no sistema de arte, está localizado em outro lugar, situa-se num movimento promovido pelas tecnologias digitais, tanto no âmbito cultural quanto financeiro. Digamos que o mundo da arte acaba de acordar para esse fenômeno com o prodígio alcançado por Beeple.


O que está na base do fenômeno Beeple responde pelo nome de “Tokens Não Fungíveis” (NFT). O termo “Não Fungível” significa que um ativo digital é “não intercambiável”, ou seja, é único e, além disso, está vinculado ao seu dono, assim como o DNA está vinculado a uma pessoa. Um NFT é um item virtual “único”, que não pode ser substituído, destruído ou copiado e tem autenticidade comprovada através de informações registradas no blockchain – a mesma tecnologia usada em criptomoedas como Bitcoin e Ethereum.


Assim que alguém compra um NFT, o blockchain permite rastrear a troca de certas informações na internet, criando uma rede de blocos entre os envolvidos nessa operação. Portanto, qualquer compra ou venda envolvendo um NFT será registrada, em detalhes, no blockchain.


O fato de um ativo digital não fungível ser um título de propriedade único, anexado a um objeto digital original, bem como ao seu proprietário, atribui-lhe valor, e o torna raro. NFTs são comercializáveis ​​e, nos últimos seis meses, fizeram um grande sucesso entre os colecionadores, incluindo os colecionadores de arte contemporânea.


O Bitcoin foi a primeira criptomoeda, criada em 2008. Bitcoin, uma junção das palavras inglesas bit (unidade binária de medida) e coin (moeda), é um sistema de pagamento ponto a ponto que existe apenas na forma digital.


“Um NFT pode conter tecnicamente qualquer coisa digital, incluindo desenhos, GIFs animados, músicas ou elementos de videogame. Um NFT pode ser único, como uma pintura real, ou uma cópia de várias, como edições impressas…”

O exemplo mais comum de NFT é o padrão ERC-721, que opera na rede Ethereum. Ethereum é a segunda criptomoeda mais famosa do mundo, atrás apenas do Bitcoin. Para o NFT, o Ethereum é essencial. Isso ocorre porque a chave criptográfica do NFT é armazenada na blockchainEthereum(ETH), que suporta o registro de informações adicionais que diferenciam uma ETH (moeda virtual) de um NFT (ativo único).


Um NFT pode conter tecnicamente qualquer coisa digital, incluindo desenhos, GIFs animados, músicas ou elementos de videogame. Um NFT pode ser único, como uma pintura real, ou uma cópia de várias, como edições impressas. Mas o que o torna diferente de outras obras de arte é que o blockchainrastreia o proprietário de cada arquivo.


E até um tweet pode ser vendido por centenas de milhares, até milhões de dólares, e isso já aconteceu: o primeiro tweetde Jack Dorsey, fundador e chefe do Twitter, atingiu a soma de 2,5 milhões de dólares.


Um tweet muito simples: “Eu criei minha conta twttr”. Esta foi a primeira mensagem postada no Twitter, e foi adquirida por Sina Estavi, CEO da CryptoLand, um site especializado em criptomoedas. Ele justificou, enfatizando o caráter simbólico da mensagem: “Não é apenas um tweet! Acho que as pessoas perceberão o valor desse tweet anos depois. Como a pintura da Mona Lisa.”


Excessos à parte, a declaração dá uma ideia da predisposição dos colecionadores em investir em NTFs e Keld Van Schreven, colecionador de arte e cofundador da KR1 Europe, a principal empresa de investimento em ativos digitais do continente, comenta:


NFTs são uma opção muito atraente para colecionadores de arte porque você está comprando e investindo em uma nova revolução, bem como na própria arte. Os NFTs vão perturbar o sistema de arte tanto quanto Bitcoin e Ethereum vão mudar o cenário financeiro. Depois de comprar um NFT, revender a arte que você comprou não poderia ser mais fácil. Existem vários mercados onde você pode comprar e vender NFTs e eles têm boa liquidez. Os NFTs são uma virada de jogo para artistas e colecionadores, pois fornecem aos artistas dinheiro novo, bem como mídia de armazenamento à prova de violação com royalties automáticos sobre vendas futuras (Westall, 2021, online).

A simplicidade e a confiança desse sistema podem acabar destronando o sistema de galerias. Como Van Schreven aponta, um dos problemas no mundo da arte existente é quão difícil é, para grande parte dos artistas, vender sua arte.


Vender rapidamente ou devolver é desaprovado e os artistas não conseguem uma redução no preço de revenda na maioria dos casos. Por fim, os guardiões das grandes galerias restringem o acesso aos melhores artistas e vendem primeiro aos seus melhores colecionadores e amigos. O mercado de arte NFT remove esses controles tradicionais, assim como a criptomoeda faz com a moeda estabelecida (Westall, 2021, online).

Há também o fato de que o mercado de NFT abriu um novo mundo de arte para muitos que o evitaram em sua forma mais tradicional. Ter o NFT de uma obra significa ter a propriedade dessa obra. E isso dá a seu dono o direito de fazer com ela o que quiser, sem o conselho ou questionamento do criador. Para o artista também é interessante, uma vez que, ao postar seu NFT para venda num dos sites de comercialização, pode determinar uma porcentagem a receber por cada transação de sua obra, o que no mercado tradicional é impossível. Além disso, existe a possibilidade de ganhos com a valorização da arte ou com a explosão de popularidade do artista. O sonho de ouro dos colecionadores de NFT é comprar a obra de um jovem artista por alguns dólares e vendê-la algumas semanas depois por milhões de dólares. Na atualidade, há muitas pessoas que ganharam fortunas com as criptomoedas, e se sentem mais confortáveis ​​no espaço digital.


Diante dessa nova realidade, pode-se questionar se esse fenômeno é uma bolha no sistema de arte ou uma nova cultura que está se firmando, e já que está diretamente ligada ao sistema financeiro – um investimento a ser levado a sério?


É cedo para ter uma opinião segura, mas é certo que o NFT está mobilizando o mundo da arte, não só colecionadores, mas também artistas.



Damien Hirst, The Currency, 2021. Foto: divulgação.


Ah, também ele, Damien Hirst, está desenvolvendo um projeto com os NFTs


e anunciou um novo protocolo artístico que hospedará “The Currency Project”, abrangendo 10.000 pinturas a óleo sobre papel, cada uma com seu próprio NFT.


Anteriormente, Hirst já havia apresentado uma série de oito gravuras chamadas “As Virtudes”, que podem ser adquiridas com moedas criptográficas.


Mas não é de hoje que Hirst interroga e questiona o conceito de valor por meio da arte e do dinheiro. “Desde que criei o crânio de diamante, tenho pensado em riqueza e valor”, ele explica (Westall, 2021, online).


Ele explica que trabalha numa obra de arte há cinco anos, e os últimos três anos o projeto se expandiu para blockchain e os NFT. São 10.000 obras de arte originais em papel, que o artista chama de “a moeda”. “Fiz todos desenhos há cinco anos e estão em um cofre, prestes a ganhar vida graças ao seu lançamento no blockchain. É de longe o projeto mais empolgante em que já trabalhei” (Westall, 2021, online).


Começando com a criação das obras de arte físicas em 2016, The Currency explora os limites da arte e da moeda – quando a arte muda e se torna uma moeda, e quando a moeda se torna arte.


“The Currency” é apresentado como uma coleção de 10.000 NFTs que correspondem a 10.000 obras de arte físicas únicas que estão armazenadas em um cofre seguro no Reino Unido. As obras agora ganham vida por meio de seu lançamento no blockchain (https://www.heni.com) com valor estabelecido em $2.000, cada.


Qual a pegada dessa vez? Os candidatos bem-sucedidos receberão inicialmente NFTs e terão até as 15h do dia 21 de julho de 2022 para escolher entre manter os NFTs ou trocá-los pelo desenho físico, ambas as quais são obras de arte por direito próprio. O que for escolhido será mantido, o outro grupo será queimado.


Quer seja visto como mais um “tour de force” do artista em relação ao mercado de arte, ou como um “experimento social”, o projeto de Hirst acende os debates sobre colecionismo em arte, dinheiro, propriedade e confiança: o conflito é entre a confiança na obra física ou a fé na criptografia. — Provocador, não é mesmo?


Enfim, esses casos indicam que a pandemia da Covid-19 não está mudando somente nossos hábitos e costumes. As agitações no mercado de arte, nos últimos meses, são sinais claros de uma revolução em andamento e de que o mundo está mudando radicalmente não somente na formação de novos hábitos sociais, mas também na forma como comercializa e armazena valor.


REFERÊNCIAS


DELEUZE, Giles. O que é o ato da criação? Conferência proferida no âmbito das Terças da Fundação Femis. 17 maio 1987. Disponível em: https://www.lepeuplequimanque.org/acte-de-creation-gilles-deleuze.html. Acesso em: 10 abr. 2021.


HIRST, Damien. The Courrency. Disponível em: https://www.heni.com Acesso em 30 de agosto, 2021.


KASTRENAKES, Jacob. Beeple sold an NFT for $69 million. The Verge, [online], 2021. Disponível em: https://www.theverge.com/2021/3/11/22325054/beeple-christies-nft-sale-cost-everydays-69-million. Acesso em: 10 abr. 2021.


LESAGE-MÜNCH, Anne-Sophie. Vente aux enchères: record mondial pour l’œuvre numérique de Beeple vendue près de 70 millions de dollars chez Christie’s. Connaissance des Arts, [online], 12 mar. 2021. Disponível em: https://www.connaissancedesarts.com/marche-art/ventes-encheres/vente-aux-encheres-record-mondial-pour-loeuvre-numerique-de-beeple-vendue-pres-de-70-millions-de- dólares-chez-christies-11154127/. Acesso em: 10 abr. 2021.

OLIVER, Keith and NEENAN, Amalia. Damien Hirst’s The Currency: choose crypto certificate or physical artwork — it’s a question of thrust. Disponível em: https://www.thetimes.co.uk/article/damien-hirsts-the-currency-choose-crypto-certificate-or-physical-artwork-its-a-question-of-trust-5bkbpmxbp. Acesso em 30 de agosto, 2021.

WESTALL, Mark. What is an NFT – and should you be adding one to your art collection? Luxury London, [online], 23 mar. 2021. Disponível em: https://luxurylondon.co.uk/culture/art/what-is-an-nft-and-should-you-invest-in-one-beeple-digital-art-blockchain-damien-hirst. Acesso em: 10 abr. 2021.






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